Por Maíra Teixeira
Em um mercado historicamente tradicional e pouco aberto a mudanças, surge uma marca que promete sacudir a forma como o brasileiro se relaciona com o café: a Cafellow. A ideia nasceu em novembro de 2023, quando, após quatro anos no mercado financeiro, a jovem empreendedora Paula Veloso — que está por trás da marca — decidiu resgatar suas raízes e dar um novo propósito à sua trajetória, unindo tradição familiar e inovação.
“Minha família trabalha com café desde 1970, quando meu avô começou do zero”, conta Paula. São três gerações dedicadas à produção de cafés especiais, mas sempre com foco na exportação. A vontade de fazer diferente, porém, falou mais alto: “Sempre tive o desejo de construir algo meu, do zero. Então criei a Cafellow para trazer ao mercado brasileiro o café de altíssima qualidade que minha família já produzia, mas com uma proposta jovem, divertida e funcional.”
Do legado à inovação: cafés com propósito
A Cafellow nasceu com uma missão clara: perpetuar o legado da família, mas apresentá-lo de forma inovadora às novas gerações. “Vi uma oportunidade, pois o mercado brasileiro está amadurecendo, o público está mais exigente e curioso sobre cafés especiais”, explica. Mas não bastava oferecer grãos de qualidade — era preciso criar uma experiência única.
Assim surgiu a ideia de combinar o café com ingredientes funcionais, transformando cada xícara em uma bebida com propósito. “Queria que a Cafellow tivesse três pilares: determinação, criatividade e sensualidade. Para isso, comecei a estudar suplementos que potencializassem esses efeitos no corpo, mas que também harmonizassem com o café.”
Entre os ingredientes estão cogumelos funcionais, tendência mundial que auxilia no foco e na clareza mental, e a maca peruana, conhecida por dar mais disposição e vitalidade. O resultado são blends que fogem do óbvio e falam diretamente com um público que quer mais do que apenas cafeína: quer energia, bem-estar e uma experiência diferente.
Mercado saturado? Hora de ser diferente
A vivência em feiras do setor só reforçou a convicção de que ainda há muito espaço para inovação. “No São Paulo Coffee Festival vimos poucas propostas realmente diferentes. E na SCAA, no Texas, entre centenas de expositores, apenas três marcas trabalhavam com cogumelos, pouquíssimas tinham formatos práticos como nossos sachês e menos de 10% mostravam algo de fato novo.”
Para a fundadora da Cafellow, isso prova que o caminho é ousar. “Quando se entra em um mercado saturado como o de café, a melhor forma de se destacar é sendo diferente — no produto, na proposta e na comunicação. O mercado precisa de marcas fora da caixa para atrair as novas gerações.”

O grande objetivo: conquistar os jovens
O foco da Cafellow é claro: trazer os jovens de volta para o café. Pesquisas internas mostraram que as novas gerações têm consumido menos café, principalmente porque não se identificam com o sabor intenso do café extraforte ou do espresso tradicional.
“Eles não querem ter que ‘aprender a gostar’ de um café amargo, ainda mais com tantas outras opções no mercado. Queremos apresentar a eles um café de qualidade, com torra média, sabor mais suave e blends funcionais que façam sentido no dia a dia.”
Para ela, educar as novas gerações é chave: “Queremos formar consumidores que desde cedo saibam escolher um café de qualidade e sustentável, diferente de quem já está acostumado ao café preto, forte e industrializado.”
Conselho para novos empreendedores
Para quem sonha em abrir uma marca de café hoje, o recado é direto: ousadia é essencial. “Não façam o que todo mundo já faz. É muito difícil competir com um mercado consolidado. As pessoas valorizam o novo, o curioso, o diferente. Encontre um nicho, resolva uma dor real do consumidor e seja fiel a isso. E acima de tudo, faça com paixão e autenticidade — o público percebe e valoriza.”
Com blends criativos, propósito bem definido e uma comunicação que foge do óbvio, a Cafellow quer muito mais do que vender café: quer mudar hábitos, derrubar velhos mitos e mostrar que café especial pode e deve ser divertido, funcional e acessível para todos.