Indicação Geográfica x Denominação de Origem: entenda a diferença

Foto: Daniel Reche

Você já reparou em produtos que trazem no rótulo “Indicação Geográfica” ou “Denominação de Origem”? Esses selos não são apenas enfeites: eles carregam história, tradição e garantem qualidade com reconhecimento oficial. No universo dos cafés especiais, entender essas certificações é fundamental — tanto para consumidores quanto para produtores.

Neste artigo, explicamos as principais diferenças entre Indicação Geográfica (IG) e Denominação de Origem (DO), com foco no setor cafeeiro, e como isso impacta a valorização do produto brasileiro no mercado nacional e internacional.

O que é Indicação Geográfica (IG)?

A Indicação Geográfica é um selo conferido a produtos que possuem reputação ou qualidade associada à sua origem geográfica. Isso significa que aquele café, queijo, vinho ou outro item carrega uma identidade ligada ao território onde é produzido.

No Brasil, a IG pode assumir duas formas:

    • Indicação de Procedência (IP): reconhece a tradição produtiva de uma região.

    • Denominação de Origem (DO): atesta que as características do produto dependem diretamente do ambiente geográfico e do modo de produção local.

O que é Denominação de Origem (DO)?

A Denominação de Origem é uma categoria dentro da IG, mas com critérios mais rigorosos. Para um produto receber esse reconhecimento, é preciso comprovar que:

    • Suas qualidades e características são exclusivamente determinadas pelo ambiente da região (solo, clima, altitude etc.)

    • Existe um saber-fazer tradicional consolidado pelos produtores locais.

Ou seja, todo DO é uma IG, mas nem toda IG é uma DO.

Exemplo prático: cafés brasileiros

Cerrado Mineiro

Denominação de Origem (DO) desde 2014 e Indicação de Procedência (IP) desde 2005.

O café da Região do Cerrado Mineiro é efeito da combinação das condições climáticas da região com a qualidade do café ali produzido, que é resultado de intensa e singular floração, maturação uniforme e colheita concentrada.

A definição perfeita das estações climáticas, com verões quentes e úmidos, e invernos menos e secos, é uma característica da região.

A região do Cerrado Mineiro está localizada no noroeste do estado de Minas Gerais. Todos os municípios dessa região estão situados em altitudes acima de 800 metros, um fator decisivo na produção de grãos que resultam em uma bebida de qualidade. A história do café na Região do Cerrado Mineiro remonta a uma época quando os produtores das regiões tradicionais de café procuravam outros locais fora da área de incidência de geadas.

O café é cultivado em uma região que se encontra na faixa de temperatura ideal para o cultivo de Café arábica (Coffea arabica), permitindo frutificação uniforme e alta produtividade.

O autêntico café do Cerrado Mineiro tem aromas intensos que variam do caramelo a nozes, com uma acidez delicadamente cítrica e sabor de chocolate de longa duração.

Alta Mogiana

Indicação de Procedência (IP) desde 2013

A Alta Mogiana está localizada no norte do estado de São Paulo. Um planalto com montanhas variando de 900 a 1.000 metros de altitude, esta é uma região tradicional para plantações de café, com temperaturas médias mensais de 21 ºC no verão e 17 ºC no inverno.

A região da Alta Mogiana está associada ao café há mais de 100 anos. O aumento na população de imigrantes, principalmente italianos, foi acompanhada por uma explosão em produção de café. Desde então, a região sempre foi um polo de cafés de qualidade.

Os aspectos climáticos são favoráveis ao amadurecimento lento e uniforme do grão. A região da Alta Mogiana produz os mais finos grãos de cafés Arábica. Entre as variedades mais cultivadas estão a Catuaí, Mundo Novo, Bourbon e Obatã.

A principal característica do seu café é um corpo aveludado e cremoso. Com um sabor marcante, aroma frutado com notas suaves de chocolate e frutos secos, acidez média e equilibrada. Uma vez provado, tem a grandeza de um gosto final prolongado com uma doçura de caramelo e notas de chocolate amargo. É um café encorpado, idealizado para

a preparação de um excelente expresso.

Por que isso importa?

Para o consumidor:

  • Garante qualidade certificada e origem confiável.Permite conhecer a diversidade dos cafés brasileiros e suas nuances sensoriais.

Para o produtor:

  • Valoriza o produto no mercado.Fortalece a identidade regional e cultural.Abre portas para exportações com diferencial competitivo.

Como identificar cafés com IG ou DO?

Procure no rótulo o selo do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e verifique a região de origem. Normalmente, esses cafés vêm acompanhados de QR Code ou certificados de rastreabilidade.

Compreender a diferença entre Indicação Geográfica e Denominação de Origem é um passo importante para quem deseja consumir com mais consciência e valorizar a agricultura brasileira. No universo dos cafés especiais, esses selos ajudam a preservar tradições, proteger o trabalho de pequenos produtores e promover produtos de excelência com identidade única.

Fonte: gov.br

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